Começa este final de semana o estadual mais importante do país. O campeonato paulista reúne 20 equipes e repete a fórmula de edições passadas com 19 longas rodadas classificatórias e um mata-mata de apenas um jogo com a final em duas partidas.
Ruim para os grandes que reclamam do excesso de partidas, bom para os pequenos que fazem receita às custas destes com jogos “em casa” com mais torcedores do adversário do que dos seus.
Vamos fazer um raio-x das 20 equipes e saber o que podemos esperar de cada uma delas, começando com os favoritos ao título.
Santos: O atual tri campeão paulista tentará um feito inédito no estado. Se for campeão neste ano, o time da baixada será o primeiro tetra campeão paulista e de quebra empatará com o São Paulo no terceiro lugar na quantidade de títulos estaduais com 21. Para isso o paixe trouxe o argentino Montillo para se juntar à grande estrela Neymar e manteve a base do ano passado com Muricy. Tem a vantagem de só se dedicar ao estadual no início da temporada.
Corinthians: O campeão mundial é hoje o time mais acertado do Brasil. Com mentalidade européia, o Corinthians não só manteve a base como ainda trouxe reforços importantes como Alexandre Pato e o zagueiro Cris. Tem no papel o melhor time mas pode deixar o paulista a segundo plano para priorizar a disputa da Libertadores como aconteceu no ano passado.
São Paulo: Incomodado pelo jejum de títulos nos últimos anos, o São Paulo vê no campeonato uma boa oportunidade de se manter no caminho vitorioso iniciado com o recente título da sul americana e vencer o paulistão novamente, o que não acontece desde 2005. O time de Ney Franco é basicamente o mesmo do ano passado com a adição de P.H.Ganso e do zagueiro Lúcio. Por outro lado, a saída de Lucas coloca nos ombros de Luís Fabiano a responsabilidade de balançar as redes. Como o Corinthians, pode priorizar o torneio sul americano onde entra na fase pré contra o Bolívar e pode faltar fôlego por esse motivo.
Azarões: Fora da lista imediata quando se pensa em título, algumas equipes tem boas chances de surpreender os grandes. Com o formato de disputa com jogo eliminatório único, algumas equipes tentam repetir o Guarani do ano passado e chegar à final.
Palmeiras: Rebaixado para a série B, o time alviverde está com dificuldades pra montar um bom elenco para o ano. Nem o apelo da Libertadores parece seduzir os jogadores a fechar com o time. Com um elenco claramente abaixo dos outros grande e o moral baixo, o time deve sofrer com a pressão por resultados imediatos e é azarão na briga pelo título. É mais provável que fique entre os oito mas caia no mata-mata.
Ponte Preta: A ponte tenta repetir o trabalho dos últimos anos tirando muito com pouco. Para isso chamou o técnico Guto Ferreira que conseguiu isso no Mogi Mirim ano passado. Com nomes conhecidos mas sem estrelas, a Ponte faz um trabalho a longo prazo mas que já rendeu resultados colocando o time na série A do brasileirão e na semi final do paulista passado. Se os grandes bobearem a Ponte pode trazer o primeiro título paulista para a cidade.
São Caetano: O Azulão tenta voltar aos tempos de glória e faz apostas em figurões que podem ou não dar certo. O problemático Jóbson foi anunciado mas o principal reforço é o meia Rivaldo, que vendeu sua parte no Mogi Mirim para ficar livre para fechar com algum clube brasileiro e o São Caetano foi o escolhido. Com esses jogadores no elenco o time estará presente nos noticiários atraindo atenção, investimentos e público. O plano pode ser um sucesso ou um grande fracasso que só o tempo dirá.
Entre os 8: Para vários times o título é sonho distante, mas estar entre os oito é uma possibilidade e, mais do que isso, um objetivo. São equipes que tem boas equipes mas devem mesmo fazer figuração:
Mogi Mirim: Recém promovido à série C brasileira o sapão continua a receita que vem dando certo nos últimos anos. O time é famoso por usar jogadores nordestinos promissores para depois vendê-los e fazer algum lucro. Foi assim com Hernane por exemplo, artilheiro do ano passado que foi parar no Flamengo e assim poderá ser este ano para o time que usa o campeonato como uma grande vitrine.
Bragantino: Outro time que consegue fazer muito com pouco é o Bragantino que se mantém a anos na série B do nacional e não passa sustos no paulistão, alem de vez por outra, incomodar os grandes. O time que estréia contra o Palmeiras será uma mescla de jogadores experientes que já passaram pelo clube com jovens promessas para uma campanha sem sustos.
Oeste: O campeão da série C 2012 chega cheio de moral no paulista, mas a mentalidade de time pequeno incomoda. Sediado numa cidade pequena, o Oeste raramente enche seu pequeno estádio e por isso está usando o artifício de mandar seus jogos contra os grandes em outras cidades como Araraquara e São José do rio Preto para lucrar mais ao custo de abrir mão do mando de campo pois a torcida presente será em massa dos adversários. Sabemos que a situação financeira não ajuda mas o lado esportivo pesa, principalmente se pensarmos que o torcedor fiel da cidade não poderá assistir os jogos contra os grandes, pois esses jogos foram vendidos para os adversários…
Paulista: O time de Jundiaí se reforçou de forma leve mas mantém tudo muito bem arrumado. É um clube que paga em dia, tem um bom estádio e a torcida se faz presente. Pelo bom trabalho ao longo dos anos já conquistou copa do Brasil e foi vice estadual. Pode surpreender.
Botafogo: Depois de passar sufoco no ano passado e só se salvar da degola na última rodada, o tricolor de Ribeirão Preto quer fazer uma campanha melhor nesse ano, para isso o clube se reforçou com jogadores conhecidos mas que não estavam sendo aproveitados em outros clubes. O comando de Marcelo Veiga é outro bom indício de que o time pode surpreender.
Rebaixamento: Infelizmente a grande quantidade de equipes não significa qualidade. Afora os grandes e times que se revesam como surpresas, o paulistão terá mais times brigando para não cair. Vamos conhecê-los:
Guarani: Não se engane com o vice campeonato paulista em 2012 e lembre-se que o bugre caiu para a série C nacional para saber o que o técnico Zé Teodoro colocará em campo nesse paulistão. Dívidas, estádio que pode ser vendido ou penhorado e jogadores que foram embora processando clube na justiça é a atual realidade de um dos maiores times do estado. O Guarani usará o peso da camisa para tentar permanecer.
XV de Piracicaba: o Nhô Quim levou Danilo Sacramento do Guarani para o meio e tenta se firmar na série A após uma campanha difícil na sua volta ano passado. Se o time permanecer sem sustos será suficiente para a maioria dos torcedores.
Linense: Mesmo com o apoio constante da torcida a realidade do time de Lins é a permanência na série A. O time é modesto e quer apenas fazer uma campanha razoável.
Ituano:O Ituano vem se especializando em permanecer na série A, mas tem deixado a torcida em maus lençóis ao conseguir isso sempre na última hora. Não deve ser diferente esse ano para desespero dos torcedores da “maior cidade do mundo”
Mirassol: O Mirassol segue a receita ano após ano. Contrata para o Paulista, e manda todo mundo embora no segundo semestre por dificuldades financeiras. Com times montados e desmontados às pressas, só pode brigar mesmo na ponta de baixo da tabela.
Atlético Sorocaba: Time “ioiô” o Atlético tentará permanecer na primeira divisão após o acesso. A receita foi chamar Estevam Soares, técnico acostumado ao interior paulista e torcer para dar liga. É pouco.
São Bernardo: Recentemente novo no cenário do futebol, o clube do ABC tem um trunfo forte para o campeonato. Costuma encher o seu estádio com torcedores a seu favor, mesmo estando ao lado da capital. A fanática torcida é o trunfo para subir mais um degrau na curta história do clube.
Barbarense: Mais um time que gosta de emoção e costuma cair e subir bastante, o Leão da 13 tentará mesmo se manter na primeira divisão, mas o fará a duras penas.
Penapolense: Nesse cenário de renovação do futebol, vários clubes que antes eram apenas coadjuvantes tem conseguido chegar à série A nos últimos anos. Equipes antes tradicionais estão espalhadas pelas séries A2 e A3 e dão espaço para times como a Penapolense chegarem até a primeira divisão. A Aventura costuma durar pouco com os times sendo rebaixados de volta em um ou dois anos. O time de Penápolis tentará escrever uma história diferente.
Os tempos charmosos do paulistão ficaram num passado já um pouco distante. A realidade atual é um campeonato inchado, com nível técnico abaixo do esperado e com uma forma de disputa que precisa ser revista. Ou diminui-se o número de participantes ou quebra-se em grupos para diminuir o número de partidas e salvar o paulistão antes que perca a graça.
Futebol sem enrolação! 